quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O Amor....



Existe dor pior que a dor da perda?
Do último abraço que não foi dado.
Do último carinho que foi negado.
Do último beijo que ficou de lado diante do prenúncio de um fim?
Estranho como certas sensações, certas situações, mesmo que repetidas, mesmo que já vividas anteriormente – porém numa outra intensidade, deixo aqui claro – continuam a doer como se fossem novas, como se fosse a primeira vez.

O que muda é o tamanho, a intensidade como já disse, mas a dor é inevitavelmente dilacerante.

Sempre que tudo parece bem, tudo parece perfeito, quando algo de muito bom se aproxima de ocorrer na minha vida, eu sinto medo. O inevitável – como diz o velho Paulo Coelho, que por mais clichê que pareça, sempre tem razão – sempre acontece mostrando que no fundo, no fundo, não controlamos nada. Ou na melhor das hipóteses, que ainda não é a hora certa do tão merecido prazer.

Aprendi vivendo que não devo fazer planos a longo prazo, que não preciso mais deles para ser feliz hoje. Não sei nem se vou estar vivo daqui a dez minutos, como posso querer planejar daqui a dez anos? Mas me permito sonhar, sonho muito: sonho com um chalé pertinho do mar, bichos no quintal, um filho criado de forma simples, sem frescuras e com muito amor..... um Amor, claro! Um grande e fofo Amor..... quero sim ter uma vida estruturada, fazer o que gosto, poder acordar, olhar para o lado e sentir que a vida vale realmente a pena ser vivida a dois, namorar muito, estar com alguém que ao mesmo tempo em que eu sinta tesão, me faça rir, me motive a ser alguém melhor, por quem eu sinta imensa admiração, prazer em estar perto, que consiga mexer comigo de formas antes que eu nunca imaginei.... alguém com quem eu possa ter conversas intermináveis, aonde o assunto nunca termine.....

Não sou tão diferente das outras pessoas, o único detalhe que torna isso um pouco mais difícil, é que sou homem, e procuro, busco isso tudo ao lado de outro homem. Complicado.

Complicadíssimo se eu parar pra pensar que 90% dos caras que conheci não querem nada além de uma ficada, uma trepada e um raso envolvimento sem grandes vínculos. Posso até me dar ao luxo de dizer que conheci alguns homens que também tinham desejos semelhantes, idéias parecidas, mas nada que me tocasse tão a fundo. Poucos que realmente me despertassem atração.
Leio em revistas e vejo a todo momento matérias em que se dizem “à procura de um amor, de um companheiro”, manifestações em busca de direitos legais a uma união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas daí que não vejo grandes exemplos de uniões duradouras, de pessoas que pensem em envelhecer juntos, nem pessoas dispostas a fazer os “pequenos” (e as vezes até prazerosos sim!) sacrifícios que uma relação, seja gay ou hétero, exige. Ser solteiro é bom, tem suas vantagens, mas estar casado também é ótimo! E eu sei bem disso!

Dividir um espaço, dividir uma vida, tentar dobrar as primeiras dificuldades mantendo o diálogo, o carinho, não se deixar abater pelos obstáculos ..... acredito que Amor a gente também aprende. O grande Amor muitas vezes vem com o dia-a-dia, com a convivência, com a espera, com a angústia, com o ato de perdoar deslizes, com a necessidade que se cria – e não que se tem de cara – do outro. O Amor vem dos pequenos prazeres, do cotidiano, do dormir e despertar junto e da certeza que vamos tendo a cada dia de que escolhemos a pessoa certa, mesmo havendo inúmeras outras mais bonitas e até mais interessantes fisicamente, não importa: a sintonia tem que ser perfeita. A cama tem que ser gostosa. O tesão tem que ser despertado pelo cheiro, pela pele, pelo toque. Que as mudanças físicas e até psicológicas daquela pessoa serão vistas como uma evolução gostosa, um crescimento dela ao seu lado, enfim, sem estereótipos, sem modismos, sem padrões: o Amor não tem nada disso!

O Amor é infinitamente maior do que qualquer rótulo ou conceito: é simplesmente olhar o outro e querer tê-lo sempre aninhado em seus braços, protegido por seus beijos, envolvido por seus sonhos, seus desejos, é saber exatamente que vc sería capaz de loucuras por aquela pessoa e não teria vergonha disso.

O Amor – pra mim – é isso.

E quanto aos planos, aos projetos de vida, tudo bem, acho que realmente têem de existir. Só que numa relação a dois, um sempre é mais voltado a esse lado, o que não quer dizer que o outro não sonhe, não torça, não queira que todos esses projetos se realizem. Eu sempre preferi ser o sonhador, de uma forma ou de outra faço planos, mas prefiro chamá-los de “sonhos”, assim me frustro menos, me permito mais.....


C.